domingo, 17 de setembro de 2017

Mitos e Fatos sobre o Trabalho dos Gerentes

É aceito pela imensa maioria dos pesquisadores que a globalização provocou uma espécie de reestruturação do capitalismo em escala mundial que afetou as relações das empresas com a força de trabalho. Evidentemente, o trabalho dos gerentes – acompanhando as mudanças na sociedade - também foi afetado.



Um dos pesquisadores mais relevantes da administração contemporânea é Henry Mintzberg, autor canadense de mais de 30 livros e tantos outros artigos. O professor da Universidade McGill, em Quebec no Canadá, notou que mudanças como a globalização tiveram forte impacto na forma como os gerentes trabalham.  Ao invés de apenas comandar e controlar a função de gerente ganhou papéis muito mais abrangentes.   

Mintzberg definiu um papel como um conjunto organizado de comportamentos que pertencem a uma função ou posição identificável e agrupou os 10 papéis gerenciais em 3 famílias: papéis interpessoais, papéis de informação e papéis de decisão.

Papéis interpessoais – abrangem as relações interpessoais dentro e fora da organização. Incluem os papéis de símbolo, líder e ligação.

Papel de Símbolo: Age como um símbolo ou representante da organização (ex.: relações públicas)

Papel de Líder: Envolve todas as atividades interpessoais nas quais há alguma forma de influência, seja com funcionários, clientes, fornecedores e outras pessoas.

Papel de Ligação: envolve a rede de relacionamentos que o gerente deve manter principalmente com seus pares (outros gerentes). Nesses relacionamentos o gerente vincula sua equipe com outras, a fim de fazer o intercambio de recursos e informações que lhe permitem trabalhar.

Papéis de informação – relacionado com a obtenção e transmissão de informação, de dentro para fora da organização e vice-versa. Incluem os papéis de monitor, disseminador e porta-voz.

Papel de Monitor: o gerente recebe ou procura obter informações que lhe permitam entender o que se passa em sua organização e no meio ambiente. É necessário saber lidar com uma grande variedade de informações que incluem desde a literatura técnica até a ”radio peão”.

Papel de Disseminador: relacionada a disseminar a informação externa para dentro da organização e da informação interna de um subordinado para outro.

Papel de Porta-Voz: relacionada a transmissão da informação de dentro para fora da organização ou, em outras palavras, para o meio ambiente externo onde a organização está inserida.

Papéis de decisão – relacionados a resolução de problemas e a tomada de decisões. Incluem os papéis de empreendedor, controlador de distúrbios, administrador de recursos e negociador.

Papel de Empreendedor: nesse papel o gerente é o iniciador e planejador de todas as mudanças controladas na organização (reorganizações, implantação de melhorias, novos processos, oportunidades com novos negócios, etc).

Papel de Controlador de Distúrbios: é um papel que o gerente precisa desempenhar quando surgem eventos imprevistos, situações parcialmente fora de controle e conflitos.

Papel de Administrador de Recursos: é um papel inerente a autoridade formal de um gerente e está presente em praticamente toda decisão que o gerente precise tomar. A administração / alocação de recursos inclui administrar o próprio tempo, programar o trabalho de outros e autorizar decisões tomadas por terceiros.

Papel de Negociador: necessário quando a organização envolve-se com negociações que fogem da rotina com outras organizações ou indivíduos (sindicatos, clientes, fornecedores, credores ou empregados individuais).

O desempenho dos papéis do gerente depende do nível hierárquico do mesmo. Para os gerentes com níveis mais altos no organograma os papéis mais importantes são: disseminador, símbolo, negociador, ligação e porta-voz. O papel do líder é importante para gerentes em todos os níveis da organização. A especialidade do gerente também influencia o desempenho dos papéis.

Mitos envolvendo o trabalho do gerente segundo Mintzberg

Resultados de pesquisa do autor realizada com gestores que trabalhavam nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Suécia, e publicada no artigo The manager’s job: folklore and fact na Harvard Business Review.

Mito
Realidade
O gerente é um planejador sistemático e reflexivo
Os gerentes trabalham num ritmo inexorável, suas atividades se caracterizam pela brevidade, variedade e descontinuidade e eles estão firmemente orientados para a ação, não apresentando inclinações para atividades de reflexão.
O verdadeiro gerente não executa atividades de rotina
Além de se ocupar com exceções, o trabalho administrativo envolve a execução de uma série de deveres rotineiros, incluindo rituais e cerimônias, negociações e processamento de pequenas informações que ligam a organização ao seu meio ambiente.
Os principais gerentes necessitam de informações agregadas, que podem ser mais bem obtidas por meio de um sistema formal de informações gerenciais
Os gerentes preferem a mídia verbal, principalmente telefonemas e reuniões.
A administração é, ou pelo menos está se transformando rapidamente em, ciência e profissão.
Os programas dos gerentes – para organizar o tempo, processar informações, tomar decisões e outras coisas – permanecem trancados em suas cabeças.
 

Muito interessante e surpreendente. Parece fazer sentido, quando pensamos em tudo que envolve o trabalho de um gerente e no, muitas vezes, caótico dia a dia da sua atividade nas organizações. Até o momento não encontrei um autor que desminta Mintzberg ou diga que sua pesquisa é apenas uma peça de ficção. 
Alguns livros se você deseja estudar esse autor:
Managing – Desvendando o Dia a Dia da Gestão. Editora Bookman, 2010.
Safari da Estratégia. Editora Bookman, 2010.
Criando Organizações Eficazes. Editora Atlas, 2006.
Bem, é isso aí. Até a próxima.


Artigo citado: MINTZBERG, Henry. The manager’s job: folklore and fact. Harvard Business Review, 1990.
Disponível em < https://hbr.org/1990/03/the-managers-job-folklore-and-fact>
Acesso em 10 set. 2017.
 

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