sábado, 18 de maio de 2013

Alguém aí?

“O astronauta Charles Duke, integrante da missão Apolo 16, deixou, em abril de 1972, sobre o solo lunar, uma foto sua com a família,com a inscrição “Esta é a família do astronauta Duke, do planeta Terra”, na esperança de que alguém inteligente a encontrasse algum dia. Esse comportamento foi comum por parte dos astronautas que lá estiveram – um momento de humanidade, como se disse na época. E a foto continua no mesmo lugar, intocada, conforme comprovou a última missão não tripulada ao satélite.

Essa notícia me fez lembrar dois momentos da minha vida em que tive a oportunidade de mandar um recado ao futuro. Bem sei que enterrar cápsulas do tempo é uma prática antiga, seja pela ânsia de conversar com os pósteros ou pela esperança de, ao menos, dar-se a conhecer. As pirâmides do Egito têm seus vértices alinhados com os pontos cardeais para que, segundo assevera Erich Von Däniken, os corpos nela sepultados possam ser encontrados pelos deuses (alienígenas?) que, se acreditava, um dia voltarão à Terra.
Nesse embalo, embora sem tanta pretensão, quando, em 1973, construí minha casa em Tupã – a primeira erguida no Parque Universitário – deu-me na veneta colocar entre o alicerce e a parede, uma garrafa com aguardente fabricada em Vitória de Sant’Antão, Pernambuco, de nome Pitu. E até hoje penso na possível reação de quem a encontrar quando o imóvel for demolido. Isso se sobrar alguma coisa do rótulo ou mesmo do líquido.

Vinte e tantos anos depois, aqui em Itatiba, também tive o cuidado de emparedar durante a construção da casa em que hoje moro, uma garrafa, outra vez de aguardente, mas protegida por um invólucro de plástico grosso e transparente, antes envolta por uma mensagem impressa, assinada por mim e todos os operários da obra. Informava a data, os nomes do proprietário, dos trabalhadores e fazia votos de um futuro melhor. E me satisfaço imaginando o que pensarão os seus descobridores caso topem com ela por alguma razão.


Comunicar-se é uma necessidade tão grande do ser humano que não lhe basta contatar apenas os que o rodeiam, quer ir mais longe, às outras cidades, aos outros países. Sonha com possíveis formas inteligentes nos confins do Universo ou, como eu, alcançar os tataranetos de sua geração que só nascerão séculos adiante. Há pelo mundo incontáveis cápsulas do tempo caprichosamente preparadas por pessoas ou sociedades, científicas ou não, para serem abertas pelo homem do futuro ou por civilizações de outros sistemas planetários.

Por ora estamos aqui, nos limites desta crônica, procurando falar aos eventuais leitores, na certeza de que, embora não sejam todos do nosso conhecimento, são pessoas com ânsias e carências semelhantes.
--- “Planeta Terra chamando!”, diz o meu neto caçula brincando no meio da sala. Tão pequeno e tentando ligação com seres que não conhece; mera abstração, porém sedutora até para esses filhotes da raça humana.

Fazer o quê? Está no chip”.
Autor: Jesus Guimarães é amigo e ex-prefeito da cidade e Tupã, no interior do estado de São Paulo, localizada a 520 quilômetros da capital, com uma população de 62.256 mil habitantes, segundo dados de 2007.

Fonte:             http://zuguim.blog.uol.com.br/

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