quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"Cabe ao lìder gerar o necessário desconforto"

"Um dos principais serviços de consultoria em que implanto nas empresas é a Cultura do Diálogo. Mas ao executar esta consultoria faço uma importante observação: o objetivo “número um” de uma empresa não é, e nem deve ser, o exercício do diálogo, e também não deve ser o foco no bom ambiente interno. O objetivo número um de uma empresa precisa ser o fato dela atuar de tal forma que seja altamente produtiva e lucrativa. Reforço, estes são os objetivos principais de uma empresa: produtividade e lucratividade. Se a empresa tiver como foco principal a cultura do diálogo e, por exemplo, tiver como focos secundários as estratégias técnico-comportamentais que geram a produtividade e a lucratividade, ela terá um excelente ambiente interno, mas o resultado tende a ser o fracasso nos quesitos produtividade e lucratividade. Mas, felizmente, neste novo mundo corporativo, a empresa só irá alcançar expressivas produtividade e lucratividade se, além de adotar estratégias e instrumentos técnico-comportamentais de ótimos níveis, também houver em sua cultura interna o exercício do diálogo. Por que tamanha importância em relação ao diálogo? A questão é que o diálogo é o essencial alicerce dos cinco pilares da empresa de sucesso, que são a visão sistêmica, a comunicação interna, o bom ambiente interno, a responsabilidade social e a necessária atuação sustentável, que – juntos – ajudam substancialmente a gerar a almejada lucratividade e produtividade. Portanto, a cultura do diálogo, passa a ser fundamental para a empresa moderna que pretenda ser altamente produtiva e lucrativa. Mas não basta bem dialogar, é preciso que o líder trabalhe intensamente para que seus liderados não se acomodem, pois há empresas com excelente ambiente interno, onde o diálogo está presente, mas não conseguem resultados expressivos. Qual o motivo do insucesso se o diálogo se faz presente? Repito, não basta o diálogo, é preciso que nos questionemos “para que o diálogo?” Se a resposta for “para criar um ambiente que gere lucratividade e produtividade”, então o caminho está sendo percorrido de forma adequada. E este intento só será conseguido se aliado ao diálogo estiver presente o pulso firme do líder. Isto é, a cobrança efetiva – e educada - de resultados. Óbvio que jamais o líder pode isentar-se da sua função de motivador e de ser aquele que aponta caminhos. Mas, se não houver pulso firme, haverá a tendência dos colaboradores se acomodarem. Com espírito aglutinador e pulso firme, o bom líder inspira seu pessoal a dar o melhor de si. Entendamos o que significa pulso firme. Primeiramente pulso firme não é desrespeitar o liderado, não é ser mal educado, não é esmurrar a mesa. Pulso firme significa utilizar-se de palavra firme e certa no momento certo. A ação do pulso firme pode até gerar algum desconforto ao liderado, mas é preciso que saibamos que conforto é a pior coisa que podemos proporcionar no ambiente corporativo. Ambiente estimulante e prazeroso, sim, mas confortável, não! Ouvi certa vez de um Diretor corporativo: “Quero que o meu pessoal sinta-se incomodado”. Faz sentido este pensamento. Pois, como faz parte da natureza humana a tendência de deitarmos na rede da zona de conforto, cabe ao líder gerar o necessário desconforto, sem ser mal educado (repito) e sem prejudicar o ambiente interno. Que sempre lembremos que fazer nossos liderados se sentirem incomodados, não pode significar os deixarem infelizes. Sobre o assunto “deixe seus liderados incomodados”, a revista HSM Management, de maio/junho de 2006, trouxe interessante texto da consultora Betania Tanure, professora da Fundação Dom Cabral. Ela faz comentários sobre um tipo de líder – muito necessário para o novo mundo corporativo – denominado Líder Transformador. Vejamos o texto: “Pesquisas recentes, ainda não publicadas em sua totalidade - uma que desenvolvemos eu e Roberto Duarte, em parceria com a Wharton School, da University of Pennsylvania, e outra com meu colega Paul Evans, do Inseac – ampliam os achados do trabalho que fiz com Sumantra Ghoshal, da London Business School. Mostram que os líderes transformadores, em suas ações, efetivamente geram algum grau de sofrimento e desconforto. Afinal, despertam as pessoas para a realidade, pedem respostas a problemas antes ignorados, às vezes tomam medidas impopulares. Ao mesmo tempo, mostram-se dispostos a orientar e cooperar. Inspiram confiança e geram o sentimento de justiça. São pessoas que abandonaram o paternalismo protetor, típico da cultura gerencial brasileira, mas que agem com respeito pelos colaboradores, estimulando talentos e maximizando competências. Esses líderes são capazes de identificar fracassos sem disseminar o abatimento. Têm visão clara de seus objetivos e desafiam as pessoas que decidem seguir na mesma direção”. A pesquisa de Betania Tanure reforça a importância de gerar certo desconforto no ambiente corporativa e, ao mesmo tempo, mostra quão importante é o respeito ao colaborador conjugado ao fato de estimular talentos e maximizar competências, qualidades estas que são melhores aplicadas pelo líder se ele implantar na empresa a cultura do diálogo". Autor: Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP,profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Fonte: www.alkindar.com.br

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